sábado, 28 de agosto de 2010

Gaga X Bieber


á um tempo atras surgiu uma cantora com músicas dançantes, letras super trabalhadas, um visual totalmente exótico e uma vontade absurda de se expressar. Era Lady GaGa, tão dramática quanto talentosa. Sua criatividade para os videoclipes, para suas performances e para todas as aparições em público fizeram desta artista visionária a figura pop mais famosa, mais ouvida, mais comprada e mais baixada de todo o globo. GaGa passou a quebrar barreiras, preconceitos, e récordes. The Fame se tornou o álbum mais ouvido do ano e emplacou 4 singles: Just Dance, Love Game, Paparazzi e Poker Face. Um feito inédito na história da música para um CD de estréia. O álbum foi reeditado meses depois, com o título The Fame Monster. O single de apresentação foi Bad Romance, e seu videoclipe se tornou o mais assistido da história do YouTube: mais de 260 milhões de visualizações. Em meio à este sucesso extraordinário, nascia uma outra figura pop: Justin Bieber, que em parceria do rapper Ludacris, gravou o single Baby. O videoclipe de Baby conseguiu alcançar Bad Romance, e foi o que bastou para que pessoas do mundo todo passassem a questionar o reinado de Lady GaGa e os fãs do menininho, começassem a comparar ambos. Comparar Justin Bieber com Lady GaGa, é como comparar um prego à um martelo, respectivamente. Embora o videoclipe de Bieber tenha de fato alcançado o de Gaga, é muito provável que todas as pessoas que assistiram, o tenham feito por pura curiosidade. O cantor de 16 anos não era conhecido até então, e a mídia passou a publicar e a enfatizar sua imagem violentamente.

Os elementos que rodeiam Bad Romance são inúmeros. A composição em si é uma obra-prima, a coreografia, o figurino, a mensagem. Bad Romance nos fala de como estamos constantemente presos à paixões destrutivas, muitas delas fúteis demais para nos importarmos. Sejam elas pela moda, pela TV, pela música, pelas pessoas, elas nos dominam e escravizam nossa mente e nosso coração. O videoclipe acontece num balneário japonês aonde Gaga é sequestrada por modelos, que drogam-na e vendem-na para a máfia russa. É totalmente diferente do convencional e consegue transportar o telespectador para um outro mundo, um mundo alternativo aonde não existem limites, regras ou sobriedade. Baby deixa a desejar em todos os aspectos, pois nada mais fala do que a dor de cotovelo adolescente diante da primeira decepção amorosa. Um tema tão clichê quanto o próprio videoclipe, que se passa num boliche freqüentado por teenagers. A maior parte da filmografia mostra o ambiente girando, e Justin parado 'sentindo a emoção da música' (vê-se abrindo a boca e apertando os olhos). Nada de inovador, nada de ousado, nada de nada. Só mais do mesmo. O inacreditável é que Justin Bieber ainda consiga se projetar em cima de outras celebridades, como seus coleguinhas da Disney, os rappers que o apoiam (e querem uma grande fatia dos lucros faturados pelo novo astro), das bonitas modelos e atrizes constantemente assediadas por ele no Twitter, e do sucesso de Lady GaGa.



Os comentários como os que aconteceram durante uma edição do Programa Do Gugu, da Rede Record, foram só um pequeno exemplo das comparações absurdas que começaram a ser feitas. Gugu Liberato falou "Lady GaGa e Justin Bieber estão assim ó..." e esfregou os dedos indicadores, fazendo menção de que estavam "equilibridados". Ridículo.Lady GaGa é um ícone pop sem precedentes. Há um tempo fez parceria com Beyoncé para gravar Telephone, que bateu o recorde de vídeo mais assistido numa única semana e conferiu a GaGa uma de suas 13 indicações ao VMA 2010, outro feito histórico jamais concebido anteriormente.


Bieber é só mais uma ferramenta do entretenimento para alienar as pobres mentes juvenis. Seu ridículo cabelo capacete já é febre entre meninos e lésbicas de todo o mundo, e o corte chega a custar $150, fora as roupas mamãe-entrei-na-puberdade que estão sendo copiadas em ritmo enlouquecedor. Mochilas, cadernos, lápis, borrachas, tudo está trazendo o nome do ídolo infanto-bebezinho para vender mais e encher os bolsos dos que acreditaram nesse projeto.

O problema de GaGa e Bieber está alcançado o nível das discussões que envolvem os fãs de Ivete Sangalo e Cláudia Leitte, ou de NxZero e Fresno. Os fãs de quem começou a fazer sucesso ontem, não entendem que não há competição entre quem começou a fazer sucesso uma vida atrás. Além do que, Ivete e Claudinha são baianas e cantoras de axé, NxZero e Fresno são bandas emo do cenário pop rock, existem razões muito claras para as comparações, pois os gêneros são parecidos. Mas o mesmo não acontece com a diva andrógena e o molequinho mimado. A forma musical, o público-alvo, a paixão pelo que fazem são atributos muito distintos em ambos os gêneros. Se for para deixar mais claro, poderia eu citar o HAUS OF GAGA, aonde Lady GaGa praticamente mora, preparando seus shows, roupas, aparições e futuros sucessos. Já Bieber, canta apenas o que lhe é dado para cantar, faz as parcerias com quem a gravadora manda e obedece inteira e exclusivamente à sua mãe. Deprimente ter alguém assim como ídolo.

O castelo de cartas que Lady GaGa construiu é consistente demais para qualquer menininho com corpo de 12 e cara de 10 derrubar com um assoprão. Quanto mais cedo as pessoas compreenderem isso, mais cedo a febre de Bieber passará, e ele cairá no esquecimento absoluto assim como Hanna Montana, High School Musical, RBD, Jonas Brothers, e tantas outras invenções da mídia criadas apenas para enriquecer seu legado monstruoso e causar sérios danos cerebrais à milhares de crianças e adolescentes em todo o mundo.